Brasil enfrenta Gana em busca de identidade e respeito perdido

05/09/2011 08:04

 

Como é o Brasil de Mano Menezes? Passado mais de um ano de trabalho do treinador, a pergunta ainda não tem uma resposta fechada e já começa a incomodar a ponto de o goleiro Júlio César, um dos mais experientes do grupo, admitir que a Seleção de hoje ainda não tem uma identidade. A busca por essa nova cara será prioridade a partir desta segunda-feira, no amistoso contra Gana, às 15h45 (de Brasília), no Estádio Craven Cottage, em Londres.

Reflexo da variação constante de titulares e propostas de jogo, a falta de identidade da Seleção é perceptível pelo retrospecto de Mano. Quando enfrentou times medianos ou frágeis, o Brasil se impôs, mas sem conseguir vitórias brilhantes. Mas com adversários fortes pela frente, fraquejou. Deu adeus à Copa América diante do Paraguai e perdeu para França, Argentina e Alemanha.

Este último jogo, vencido com uma superioridade gritante dos alemães, serviu para transformações na Seleção. Como se fosse um ponto de virada, o fim da paciência com repetições de erros, Mano promoveu alterações, barrou quem estava devendo futebol e começou a trilhar uma novo caminho para brecar a transformação do Brasil em um time comum, que não impõe mais medo aos adversários.

"O que todos nós queremos é rapidamente criar essa identidade que nos cobram para logo apresentar um bom futebol contra seleções grandes. De qualquer maneira, eu tenho certeza que o bom momento vai chegar", afirmou Júlio César, que exemplificou a perda de respeito contando que sofre gozações e piadinhas na Inter de Milão a cada derrota brasileira.

"Temos de vencer todos os jogos daqui para frente, mas o fato de não termos ganhado das seleções mais fortes incomoda. Aí eu escuto as pessoas citando que o time não tem identidade. Temos de aproveitar melhor as oportunidades, porque daqui a pouco o Mano começa a convocar outros jogadores", disse.

Mano, na verdade, já começou a reciclar o grupo. Dez dos 24 jogadores convocados não estavam presentes na Copa América, e a equipe-base sofreu quatro mudanças significativas. O lateral André Santos, o volante Ramires e os atacantes Robinho - lesionado - e Alexandre Pato foram sacados para as entradas de Marcelo, Fernandinho, Ronaldinho e Leandro Damião, respectivamente.

A convocação de Ronaldinho, inclusive, escancara a perda de "aura" da Seleção Brasileira. Mano justificou a volta do meia-atacante com a necessidade de ter uma referência no ataque, alguém que coloque respeito pela história que carrega. Os demais atacantes são jovens e, embora promissores, ainda inexperientes e pouco temidos.

Adversário inesperado

Acertado às pressas, o amistoso contra Gana só existiu por conta do cancelamento, por parte da federação egípcia, do jogo que seria realizado em Cairo contra a seleção local. A mudança deixou o Brasil diante de um adversário em ascensão no cenário mundial, com um time próximo do que ficou em quinto na Copa de 2010, mas desgastado pela disputa na última sexta-feira de um jogo contra Suazilândia pelas Eliminatórias da Copa da África.

O principal astro da seleção, Gyan Asamoah, está fora do jogo por conta de lesão. O time desembarcou em Londres apenas no domingo, realizou um treinamento leve no Estádio Craven Cottage e entra em campo com a certeza de que nada mudará no andamento do trabalho aconteça o que acontecer em campo.

Já Mano Menezes verá a pressão aumentar em caso novo insucesso, mas ele diz não pensar no assunto. "A Seleção Brasileira, sempre que entra em campo, precisa ganhar. O futebol é de alto nível. Hoje, mais do que nunca, existe menos paciência. Mas não tenho de ter essa preocupação (de ser demitido). Minha preocupação tem de ser fazer o melhor".

 

fonte: www.terra.com.br